Terceira Parte

 

Paixão e Amor

 

Mas tinha que recomeçar

 

Mas tinha que recomeçar! Então por meio da internet, conheci alguém da capital do estado.

Ele surgiu como alguém que estava sozinho, a procura de alguém, tinha cinco anos a mais que eu, uma experiência de vida e de separação semelhantes a minha. Entreguei-me a esta nova paixão, pensava que agora sim iria ser feliz. Já tinha passado por uma experiência dolorida e frustrante, agora seria feliz com alguém que se parecia comigo, tinha por ideal o lado místico e oculto da vida, era espírita. Depois de alguns meses de conversas ao telefone e e-mails, nos encontramos. Ele surgiu com uma oportunidade de trabalho, era tudo o que eu queria. Nesse encontro, ele falava sobre uma vida em comum que teríamos, mas não pedia minha opinião, fazia planos de morarmos juntos, eu mudaria de cidade, levaria os meninos, mas não perguntava se era isto que eu queria. De tudo o que ele me havia falado anteriormente, percebi que na prática ele era muito diferente do que se dizia ser.

Como alguém espírita, ligado nas coisas espirituais poderia maltratar a mãe, os irmãos, a ex-esposa? Ele que se dizia muito mais espiritualizado que eu, deveria me auxiliar e não me julgar! Dizia que me amava, que não poderia mais viver sem mim e me cobrava por não sentir o mesmo que ele. Mas eu estava machucada, tudo tinha acontecido, e a tão pouco tempo, sentia falta do meu marido, ou melhor ex-marido. Ele não entendia nada disso, dizia que eu precisava me afastar de uma vez dele, pois o anterior não me merecia.

Mais uma vez percebi que me enganei, ou fui enganada! Não era isso que eu queria pra mim! Viver um inferno com um homem novamente não fazia parte dos meus planos. E começamos a nos afastar. Ele disse que estava doente, depois disse que precisaria viajar, que tinha tido problemas no seu trabalho. Hoje já nem sei o que poderia ter sido verdade e o que foi mentira em tudo o que ele falou. Ainda me nego a acreditar que ele pode ter sido um mentiroso, um aproveitador, e que continua por aí, fazendo a mesma coisa que sempre fez. O triste é descobrir que me deixei ser enganada por uma pessoa que pouco conhecia, me envolvi com alguém que não conhecia absolutamente nada. Hoje penso: e se fosse um bandido? Um depravado? Um maníaco sexual? Mas estava envolvida demais para pensar nisso.

Graças a Deus não aconteceu nada comigo. Saí inteira dessa e só posso agradecer a Deus por ter permitido que ele se afastasse de mim sem tentar me prejudicar.

Depois disso, passei por uma dura batalha interior! Juntei meus pedaços, fiz um balanço da minha vida. O meu ex-marido sofreu muito, penso que ainda mais que eu, pois nunca imaginava que eu seria capaz de romper um casamento. Levou um grande susto.

Eu descobri que o amava e por amar aceitei o amor que ele tinha pra me oferecer. Houve, então, a reaproximação. Ele me fez muitas promessas, estava se tratando com um psiquiatra, tomando remédios, e parecia realmente modificado. Ele se entrega muito facilmente à depressão e à tristeza e não consegue reagir sozinho. Por alguns meses vivemos um para o outro, tentando entender tudo o que havia acontecido, onde erramos, onde tomamos o caminho errado, onde nos afastamos, conversamos muito, havia uma certa ternura, um certo companheirismo e muito sofrimento de ambas as partes. O que surgiu depois disso foi um amor diferente, da minha parte foi um amor mais resignado, mais conformado com o que não é possível se modificar, tentar se melhorar cada vez mais e com o exemplo, mostrar que é possível uma mudança. Nasceu entre nós dois um certo companheirismo e a compreensão um com o outro começando a fazer parte do dia a dia. Claro que não é um mar de rosas, isto não existe aqui. Todos temos nossos ajustes para fazer, nossos compromissos assumidos e nossas responsabilidades a cumprir.

  Agora posso perguntar: me permitem um conselho? Um conselho de alguém que já passou por isto? Não olhem a aparência física, olhem dentro dos olhos da pessoa e tentem descobrir no que ela acredita realmente, tentem descobrir como ela fica depois de ser contrariada? Perguntem quais são seus planos para o futuro? Descubra se pensam em constituir uma família realmente. Uma família espiritualizada, uma família com fé em Deus, uma família com base no amor pelos seus semelhantes. Descubra se esta pessoa quer ter uma família, e se é consciente de suas obrigações, de um para com os outros.

Toda essa experiência serviu para me mostrar que todos merecem uma segunda chance, todos podem se modificar, desde que queiram! A rotina do dia-a-dia, o trabalho estressante, a falta de tempo para diálogo entre casais acaba com um casamento. O amor é uma plantinha que deve ser regada todos os dias, com carinho, atenção, palavras sinceras. Um sorriso quando os olhares se encontram, um beijo de bom dia, um beijo de boa noite. Um telefonema no meio do dia para dizer que estamos com saudades. Isto só faz bem, são esses pequenos gestos de carinho que nos fazem sentir importantes, que nos fazem sentir queridos e amados.

Não deixem de demonstrar seu carinho, não deixem de expressar suas opiniões, não guardem mágoas ou ressentimentos. Aprendi que nada acontece por acaso, tudo serve como aprendizado para vivermos uma vida melhor e mais consciente.

A jovem tem uma busca pela paixão, anseia por ter um namorado, principalmente quando olha em volta e vê que praticamente todas as suas amigas tem alguém. E então parte para a busca desenfreada de "encontrar" alguém. Começam a sair, observam e logo alguém chama sua atenção. Não pensam na personalidade ou no que tem no interior daquela pessoa, mas o olham por fora e se fazem algumas perguntas: É bonito? Está cercado de amigos? Gosta de se divertir? É brincalhão? Gosta de beber? Se a maioria dessas perguntas for "sim", então aí está a pessoa "certa". Que grande engano! Esquecem-se de perceber alguns detalhes que serão importantíssimos para uma vida futura a dois. Deveriam se fazer as seguintes perguntas? Será que ele tem boa índole? É honesto? É verdadeiro? Será fiel? É respeitador das leis dos homens e das leis de Deus?

Qual é a diferença entre paixão e amor? Paixão é um sentimento que temos por uma certa pessoa, como uma forma de nos auto afirmamos ou nos sentirmos desejados por outra pessoa. E o amor? O amor é algo infinito, é o sentimento que temos pelas pessoas, pelo nosso lar, pelas coisas belas que nos cercam e até mesmo por aquelas que não achamos tão belas, mas que nos tocam de alguma forma como as flores, os pássaros, os animais, nossos semelhantes, nossos colegas, a pessoa que passa por nós na rua ou que está ao nosso lado na condução diária. Paixão é desejo de ter e Amor é se doar. Mas ambos, os parceiros, precisam Amar, e mais que isto precisam querer manter este Amor vivo, e sem Deus presente nesta união não há como, pois Deus é o próprio Amor, o Verdadeiro e Eterno Amor.

 

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